quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

É bom ver filmes relacionados a Música



Em termos de música, algo que faz muita diferença é saber a história da canção. As vezes a melodia tem uma história diferente da letras, outras vezes caminham juntas. Em diversos momentos, a melodia é feita para a voz de alguém e, assim, melodia, letra e voz possuem sua própria trajetória. Quando vejo essa enxurrada de filmes documentais sobre canções, falando dos Titãs, dos Secos e Molhados, Festivais e por aí vai, a cada vez que saio do cinema ou dos momentos de assistir, fico maravilhado com a série de histórias que acompanham uma simples canção. Quando ouço as músicas novamente, é como se fossem novas melodias, novas letras e uma nova voz perpassando aqueles poucos minutos que sempre me tocaram. Vale muito procurar saber informações sobre músicas importantes para a nossa vida ou apenas gostosas de serem ouvidas. Recomendo que se procure faltar o mínimo possível essas salas de cinema sobre cantores, cantantes ou épocas musicais, pois as melodias, letras e vozes ficam ainda mais enriquecidas pela história que contextualiza tais momentos.

Jair Rodrigues hoje e sempre



Estive esse ano no show do Jair Rodrigues aqui em Curitiba, parte da nossa virada cultural. O que me impressionou é, em primeiro lugar, que o cara continua com um vozerão danado que inicialmente já contagia o público; mas sem dúvida o que mais chama a atenção é a energia do cantor que lembra aquela animação de palco que ele tinha, de quando vemos em documentários, ainda naqueles velhos tempos. É animado, simpático, enérgico. Grande Jair Rodrigues, quando canta “Prepare seu coração”, é como se trouxesse os grandes tempos da MPB de volta a nossos ouvidos.

Cantoras dos 60s e 70s: voz acima da beleza



É interessante que durante as décadas de 1960 e 1970 o regime militar ficava antenado com relação a sensualidade das cantoras que interpretavam as canções nos festivais de música televisionados. Interessante porque se lembrarmos das principais cantoras daquele período, aparentemente não há muito com o que se preocupar. Os dois grandes nomes femininos de nossa música àquela época – e provavelmente até hoje – eram Nara Leão e Elis Regina. Nenhuma das duas havia muito o que ser explorado em termos de beleza e sensualidade. Sem dúvida a beleza usual e mediana delas e de outras de suas companheiras como Nana Caymmi, demonstram que naqueles tempos o que interessava mesmo em uma cantora era a voz feminina e poderosa, capaz de ficar bonita tanto ao vivo em um palco de teatro quanto transmitida pela televisão. Essas foram sem dúvida as nossas maiores cantoras daquele momento até os dias atuais.

Nara Leão e o poder da voz em 67



No filme “Uma Noite em 67” – que trata sobre a final do Festival da Canção Popular da Record de 1967 – tem uma parte nos “Extras” que se refera à canção “A Estrada e o Violeiro”, interpretada por Nara Leão e Sidney Miller. A pergunta do documentarista sobre essa música é algo do tipo “como é possível uma canção tão longa se classificar para as finais do festivai?”, ao que os arguídos – ninguém menos que Solano Ribeiro, Zuza Homem e Ferreira Goulart – respondem sem pestanejar que o poder da melodia no festival se deveu à Nara Leão. E efetivamente, ouvindo e vendo as imagens, é possível perceber o quanto a voz dela era superior ao de seu parceiro de música e, provavelmente, de quanto sua interpretação ressoa belissimamente como talvez nenhuma outra foi capaz dada as condições técnicas de equipamentos projetados para um público grande e ao mesmo tempo para a televisão. Sua voz soa linda, limpa, suave e poderosa. Posso dizer que passei a entender o que se fala de Nara Leão definitivamente depois de ver estas imagens, em que uma voz tão imponente sai de uma mulher tão miúda. Impressionante.