sexta-feira, 28 de outubro de 2011

ANÁLISE DA REVISTA ON-LINE MAGUILA


A revista “Maguila” é uma revista especializada em artes e exposições, parte componente e integrante do grupo de arte experimental intitulado BASE-V. O BASE-V é um grupo de artistas de São Paulo, formado por Danilo de Oliveira, David Magila e Zansky. Desde 2002 trabalha com diferentes mídias, de publicações artesanais à instalações gráficas, misturando técnicas e materiais. O grupo valoriza o trabalho coletivo acima da individualidade, para crirar novas formas de comunicação artísticas.

A BASE-V busca influir no processo de disponibilização das artes visuais ao público, tornando-as mais acessíveis e democráticas no âmbito econômico, social e cultural; através de ações que valorizam a produção artística trazida para a esfera pública. Voltado para a atuação coletiva, o grupo trabalha em conjunto com artistas do mundo inteiro que colaboram constantemente nos projetos do coletivo. Além da produção autoral, a BASE-V realiza projetos para a área cultural e agrega uma linguagem artística para instituições que desejem um trabalho mais arrojado.
Na página do grupo BASE-V em que se encontra a revista on-line MAGUILA, é possível ver exposições artísticas como pinturas em muros e exposições em galerias, porém a estética que prevalece nas obras selecionadas, é uma estética mais mórbida e underground.

Dentro desta estética alternativa e, como muitos diriam, pós-moderna, encontram-se inúmeras divulgações de obras modernas, sujas, que trabalham com uma linguagem fanzinesca, priorizando um público jovem e transgressor mesmo em temas que se referem a aspectos culturais de uma geração passada, como no caso da obra retrospectiva de Alexandre Herchovitch no evento de moda Amni Hot Spot, de São Paulo em 2006.

É desta forma que também a revista MAGUILA se apresenta esteticamente, fazendo uma espécie de exposição artística em revista que vende ao mesmo tempo a obra de realizadores visuais e a própria visualidade da revista.

Abrindo a revista estão as obras de Suzanne Wright em que prevalecem traços simples e arte em preto e branco puro ou com uma presença forte do cinza reforçando o papel das sombras, já que o fundo é invariavelmente branco como se tudo se passasse em uma página de papel A4 vazia, uma página de livro vazio. A abstração da arte com o uso de sombra e rastros, um homem no vazio reforça a estética alternativa do grupo BASE-V como um todo.

Em seguida as obras de Julia Pott demonstram uma arte mais suja, sem o branco e o preto de Wright e em contrapartida com muitas cores e próximo ao estilo de animações para adultos, destas que passam pela madrugada, lincando a arte, a história em quadrinhos e os desenhos animados, já que a geração que se alimentou de animações nas décadas de 1970 e 1980 são hoje grande parte do público consumidor e até mesmo da classe artística produtora de obras de arte. Uma frase demonstra a estética alternativa undergound de Julia Pott: “I spend all of my time thinking about you and when i am not i am thinking about cake”. Escrito em uma parede como se feita por um pincel tosco e tinta preta, com letras disformes e irregulares, fora de uma linearidade concreta, uma seta aponta para o homem que diz a frase, um homem fora de forma, com barba por fazer, cabelos despenteados e dentes horríveis. Nada indica uma declaração de amor, nem mesmo a frase que coloca o amor por uma pessoa no mesmo patamar que o amor por uma mulher.

O mesmo sentido de amor está na figura seguinte que insinua uma sensualidade entre um leopardo e uma zebra imersa em frases repetidamente colocadas ao redor dos animais ocupando espaços dizendo “but i love you, but i love you, but i love you...”. Animais e amor, fome e sensualidade. “I am not thinking about you”, diz um urso que pensa em um pássaro. Não se pode saber se é amor ou fome, tanto quanto quando, em outra obra, um cachorro diz “it feel so right” quando a sua dona, uma madame, o acaricia. Em seguida, da mesma autora, seguem pictografias ainda mais inspiradas na esética quadrinhesca.

Após muitas obras inspiradas em mangás e HQs, surgem montagens que lembram a antiga estética da fotonovela mas brincando com a arte pop de Andy Wharol. São obras de Naomi Vona que desconstróem o futebol, a moda e outras formas de cultura de massa com colagens secas e linhas traçadas pelo que parecem ser durex coloridos.

Enfim, através de sua revista on-line, o grupo BASE-V defende suas cores mórbidas ou seu mórbido preto e branco, sua arte de vanguarda fruto de uma juventude que não entende o que é a vanguarda ou simplesmente desacredita do que possa ser uma vanguarda mas que nem por isso –ou talvez em função disso –conseguem alcançar uma estética que que sem dívida atingem em cheio os bons degustadores de arte moderna, que dialogam com HQs, cinema, grafites e arte de murais. Unindo todas essas linguagens, a revista MAGUILA, assim como o grupo BASE-V e seu sitio eletrônico atingem uma arte híbrida, midiática e que instiga a conhecer melhor os autores ali presentes.

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