sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Sobre o filme "Quando Nietzsce Chorou"

O filme “Quando Nietzsche chorou” é sem dúvida uma boa estória sobre uma grande história. Eu nem cheguei a me deter quanto à veracidade dos fatos (o que também não pretendo fazer) e tampouco li o livro homônimo que originou a película, ainda que tenha ficado curioso quanto a tal conteúdo. Importa, para mim, que acima de tudo foi uma boa narrativa contada de maneira irônica sem deixar de ter certa profundidade, mesmo que saibamos que em termos holywoodianos profundidade não é das ferramentas preferidas.

A atuação dos atores foi interessante, embora fosse preferível que o filme estivesse em alemão para maior convencimento, mas os sotaques germânicos, além da atriz com acento russo (que interpretava Lou Salome), foram perceptíveis até mesmo entre os que não dominam a fala inglesa.
O intrigante é que aqueles que já se dedicaram um livro que fosse na profunda alma de Nietzche se perguntaria, como eu fiz e imagino que outros o fizeram, “o que diabos tiraria lágrimas de Nietzsche?”. Em princípio, um homem fora de seu tempo, um precursor de tempos vindouros, um filósofo que não tinha como ser compreendido em seu contexto mas que nem por isso fraquejou e desta dificuldade retirou suas forças. Um homem forjado no perigo que prenunciou (ou melhor, anunciou) a morte de Deus.

Claro que o clichê de “Deus está morto” foi utilizado levianamente no filme (é Estados Unidos, não esqueçamos). Também é claro que o Sigmund (Dr. Freud) foi utilizado como o pensador “pop” que merecidamente o é, e como tal, um ator perfeitamente bonito e apessoado, chamado carinhosamente de “Sig” pelos maiorais do filme. Mas poderia ser pior. Os roteiristas estadunidenses poderiam ter mudado a narrativa do livro e colocado Freud com Nietzsche simplesmente porque venderia melhor (já fizeram algo parecido, como no caso do “Liga Extraordinária”, um entre milhares de exemplos). Mas aqui não é o caso para se falar do que poderia ter sido feito e sim do que fizeram.

Fato é que conseguiram colocar uma comédia irônica quando o filme centrava mais no Dr. Breuer ao mesmo tempo em que passaram a desesperadora loucura genial do filósofo alemão que pensou o suprahomem. Fato importante de se fazer nota, separaram bem as idéias nietzscheanas das idéias nazistas, inclusive colocando erroneamente (mas não despropositadamente) que tais idéias separaram Nietzsche de Wagner. Fizeram isto de maneira subentendida, mas o fizeram.

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